5 de agosto de 2010

Clube da Esquina ll

Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, asso, asso
Asso, asso, asso, asso, asso, asso
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos
E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai...
E lá se vai...
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente..

(Lô Borges / Márcio Borges / Milton Nascimento)




Essa música é muito linda, transmite uma paz.
Meu dia será melhor por ouví-la hoje!
Tenham a mesma sorte.

4 de agosto de 2010

MPB de qualidade é assim




Vale a pena parar e ouvir com atenção.
Contém 12 faixas belíssimas!

Alceu Valença e Geraldo Azevedo - Quadrafônico
1972


1 - Me dá um beijo

2 - Virgem Virginia

3 - Mister mistério

4 - Novena

5 - Cordão do Rio Preto

6 - Planetário

7 - Seis horas

8 - Erosão

9 - 78 rotações

10 - Talismã

11 - Ciranda de Mãe Nina

12 - Horrível

Amor x Paixão

Algumas pessoas estranham quando afirmo que não acredito em amor. Há anos me consideram pessimista ou dizem ainda que tive algum trauma que me fez pensar assim. Realmente foi a partir de uma decepção amorosa que passei a repensar esse termo. Não chamaria de trauma.
Acontece que o que para muitas pessoas determinados sentimentos e atitudes são chamados de amor, para mim não passa de uma grande paixão. Não acredito que todo ser humano seja capaz de amar; mas, claro, acredito em raras exceções, as quais ainda não conheço. Vou tentar explicar minha posição.
Tudo na vida tem relação com definições e nesse caso não é diferente.
Relacionamentos não são perfeitos, nenhum deles, quaisquer que sejam. E sabe por quê? Porque somos humanos, somos carnais. Somos egoístas. Sim! Queremos sempre uma espécie de conforto emocional. No momento em que o outro nos proporciona isso, tudo está bem. Caso contrário, surgem as brigas refletidas através de cobranças e agressões verbais.
Precisamos assumir nossa incapacidade de viver um relacionamento onde tudo seja perfeito, pois isso não existe!
Dizer que se ama alguém é pura confusão de sentimentos; é insistir numa realidade inexistente para nós. Pois amar significa muito mais do que se pode imaginar e praticar. O amor é um estado de elevação muito puro. É saber perdoar verdadeiramente, descartando qualquer angústia interior. Perdão que vem de dentro. Mais que isso, amar requer total liberdade; deixar que nosso par sinta-se livre pra viver como, onde e com quem quiser. O amor não se deixa invadir pelo ciúme doentio, que fere e amarga uma relação. Mas sente prazer em compartilhar dos momentos bons vividos, ignorando totalmente o egoísmo. As pessoas não serão felizes apenas em nossa companhia, há uma vida para todos nós. Mas costumamos menosprezar a individualidade alheia, pois não sabemos amar. O amor deve estar acompanhado da paz de espírito, deve ser justo, deve contribuir para o bem estar verdadeiro.
O que chamam por ai de amor, nada mais é que paixão, eterna paixão. Podendo ter estágios diferentes, porém, sempre será paixão. Pois ela nos pertence, o amor não. Este é supremo, inalcançável.
Alguns chamam paixão o estágio que precede o amor. Dizem que dura cerca de dois anos, após esse tempo, se o casal permanecer junto é porque avançaram para a fase do amor. Piada! Continuo chamando de paixão tudo aquilo que se sente numa relação: atração física, admiração pela personalidade, respeito ao modo de viver (não completamente), desejo de convivência, vontade de compartilhar muitos momentos felizes, necessidade de atenção do outro, vontade de constituir uma família, etc.
Bem, mas respeitar a opinião alheia também é válido, afinal, cada uma tem seu jeito de pensar.
E esse é o meu, o qual considero mais verdadeiro comigo mesma!
Boa noite.

3 de agosto de 2010

A perda

Ela era jovem, bonita, inteligente e casada. Chamava-se Júlia, por quem Pedro havia se apaixonado.
Ele não pensava em se relacionar naquele momento, mas o destino havia lhe pregado uma surpresa. Pedro era formado em administração e foi contratado por um banco, mas tinha que se mudar para uma cidade vizinha.
Com a mudança de vida, Pedro estava se sentindo bem, satisfeito. Até que se deparou com uma linda mulher de cabelos longos e negros, pele rosada e de corpo perfeitamente esbelto, empenhada, trabalhando em seu computador. Quando a viu pela primeira vez, seu coração palpitou de forma estranha.
“Na primeira vez que a vi meu corpo parecia querer se dirigir a ela como se tivesse um imã me atraindo; fitei meus olhos nela como se fosse a certeza de que a felicidade estava mais perto do que nunca em mim”, disse ele com um brilho no olhar.
Os dois apenas se viam quando Pedro precisava ir até a sessão de recursos humanos, onde ela assumia a função de gerente de relacionamentos, porém nunca haviam sido apresentados formalmente.
Um dia de chuva contribuiu para dar início a uma história inesquecível para a vida de ambos. Ele havia deixado seu carro na oficina para revisão, enquanto caminhava a procura de um táxi, ela ofereceu-lhe uma carona, que lhes proporcionou o começo de uma amizade em que os dois cada vez mais sentiam-se envolvidos a cada timbre de voz que soavam.
A companhia até o apartamento de Pedro foi suficiente para que os dois se conhecem. Incrivelmente havia uma ligação entre eles que não se explicaria facilmente. Surgiu uma cumplicidade grande que fez com que se tornassem amigos, ao ponto dele ser convidado para jantar na casa dela no dia de seu aniversário, juntamente com outros amigos mais íntimos e o esposo.
Embora não agradasse o fato dele vê-la abraçada ao marido, Pedro resolveu ir ao jantar pelo simples desejo de participar de um momento importante da vida dela. Cada vez mais sentia-se envolvido.
As noites solitárias faziam-no refletir sobre como ele poderia conquistá-la e tinha noção de que não seria uma tarefa simples. Júlia casou-se há menos de três anos, o que dava a idéia de uma relacionamento banhado na paixão forte que afeta os novos casais. Mas eles trocavam olhares desconfiados, assustados.
Pedro, então, tomou coragem e a convidou para sair na sexta feira, depois do expediente. Claro, com a desculpa de que seriam apenas umas horas de diversão fora da rotina do casamento; nada mais que amizade. Ela aceitou, escolheu onde ir, mas deixou claro que só ficaria lá por duas horas, no máximo, pois precisava voltar para casa cedo, antes que o marido desconfiasse de qualquer coisa.
Foram a um restaurante um pouco distante do bairro em que ambos moravam, dançaram ao som de músicas dos anos 70, embalados por covers do Led Zeppelin e David Bowie; beberam alguns drinks especiais e nem notaram o tempo passar. Já ia bater meia noite quando Júlia percebeu a hora e quis voltar para casa.
Ao se despedirem, um beijo não escapou. Rápido, porém, desejado por eles. Fez-se silêncio e cada um seguiu para sua casa.
No domingo seguinte ela foi a casa de Pedro; queria conversar sobre o que aconteceu; queria desculpar-se pelo beijo e por, de certa forma, permitir que ele tivesse acontecido. Foi então que ele declarou todos os seus sentimentos a ela, que se assustou pois não tinha noção do quanto Pedro estava envolvido. Correu, bateu a porta, foi-se.
Durante três meses os dois se encontravam pelo menos duas vezes na semana. Fingiam apenas amizade de trabalho; empenhavam-se em ser discretos no meio profissional, mas sentiam-se cada vez mais atraídos um pelo outro. Aquela paixão aumentava de forma devastadora.
Certo dia, Pedro lhe propôs ficarem juntos; não havia mais dúvidas do quanto ele a amava e queria a qualquer custo lutar por ela. Quis saber a posição dela e após uma longa conversa sentiu-se como se tudo não tivesse mais sentido.
Júlia estava grávida de 2 meses de seu marido e, ainda pior, gostava muito dele e não pretendia deixá-lo naquele momento. Teve de ser sincera consigo e com ele, apesar de se sentir abalada, era uma decisão a qual ela já vinha pensando antes mesmo dele se manifestar.
Apenas por mais duas semanas Pedro e Júlia se encontraram.
Hoje ele ainda tenta aceitar a situação, mas sente-se sozinho, sem vontade de conhecer novas pessoas e a dor da perda lhe consome todos os dias.
Júlia pediu transferência e hoje vive em outro estado. Não manteve contato com ele, que espera a qualquer momento uma telefonema de arrependimento.

1 de agosto de 2010

Envolve-se

Te vejo de longe
sinto uma vontade
mas lembro que não posso
pois estou no lugar errado.
Nesse momento, prefiro desviar
o meu olhar,
porém, canta meu coração
a canção que fizeram pra gente.
Não posso permitir
que de mim parta toda essa ansiedade!
Meu querer é dominado mais uma vez pelo seu;
só por um instante penso em te seguir,
o que seria em breve um tormento,
pois a dúvida me toma,
me impedindo de decidir,
de escolher
entre o casual e o passageiro,
que se assemelham apenas por me envolverem.

Me explico

Te gosto pelo teu sorriso,
pela tua pele,
pelo teu calor.

Há um desejo incessante de tê-lo em mim
todos os momentos de minha vida.

Mesmo não sendo isso possível,
meu coração se alegra ao saber que
tu existes,
que teus pensamentos se voltam para mim.

Te gosto pela tua calma,
pela tua alma
que me cura da tristeza,
do ócio,
da tempestade.

No fim, me gosto por tudo isso.