4 de maio de 2011

Dor alheia?

De vez em quando me deparo com situações de teste. Sobre solidariedade, preocupação e senso de ajuda. Tiro notas ruins, em geral.
Hoje o que aconteceu está me incomodando até agora, mas não chega ao ponto de eu tomar uma atitude séria. Covardia, hipocrisia.
Um cão na rua, de pêlos negros, brilhantes. Deitado na calçada de frente a minha casa, com carinha de cachorro molhado, literalmente. Parece faminto; parece doente. Talvez tenha dono e esteja perdido, longe do conforto de casa.
Aquele olhar era familiar, parecia meu Billie Joe quando me olha carente. Fiquei olhando-o por uns minutos e pensando no que poderia fazer. Algo era preciso fazer. Mas o quê? Pensei em dar algo para comer, mas ele poderia me atacar. Primeiro eu, depois o bicho? E se eu o alimentasse, ficaria de plantão no meu portão esperando mais, irritando meus dois cães egoístas?
De repente ele se levantou. Esquelético, andava devagar com  as genitais expostas. Estranho. Parecia excitado. Deve ser alguma doença, só pode!
Enfim, entrei e tentei encontrar uma solução. Por que não o centro de zoonose? Liguei, chamou, chamou, desliguei.
Agora estou aqui envolvida nessa desgraça de pensamento que não me deixa fazer nada, a não ser lamentar minha covardia imaginando a morte do cachorro de rua. Sou má, é fato. É triste.

3 de maio de 2011

Perdida

Sentada na biblioteca, de frente para o corredor.
Passam pessoas, passam mais pessoas.
Elas olham para mim, devolvo o olhar.
Algumas fingem não me conhecer enquanto outras parecem querer gritar sua presença. Meu colega acenou pra mim.
Então olho pro lado, uma menina está concentrada. Em quê? Ela morde os lábios e lê com cinismo. Estará estudando cálculo?
Lá vem um outro grupo falando alto como se estivessem num shopping. Falam do professor, da matéria, do novo casal.
Meu Deus, quanta gente diferente. Ótimo.
Minha concentração já se foi desde que comecei a escrever. Sobre o quê?
Há tanta gente, há tantas idéias, há tanto o que conhecer. Perdi o fôlego. Vou pra casa.